sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Assédio Moral e Sexual - Indenização pode chegar R$ 3,6 milhões



  • * Scania está sendo processada por Assédio Moral

A montadora sueca de caminhões e ônibus Scania, de São Bernardo, está sendo processada por assédio moral. O valor pedido na Justiça por uma ex-funcionária supera os R$ 3,6 milhões referentes ao dano decorrente de assédios moral e sexual alegados pela vítima. O processo está registrado na 3ª Vara do Trabalho de São Bernardo.
Demorou quatro anos para que a ex-gerente da fabricante de caminhões, Claudete Amaral (nome fictício pedido pela reclamante), 36 anos, percebesse que era de fato vítima de uma desmoralização profissional dentro da empresa. “Tive a certeza em uma reunião, em que me disseram que eu ia perder parte das minhas atividades”, afirmou em entrevista ao Diário. Ela diz que insistiu para continuar com as tarefas, mas não foi atendida. “Eles alegaram que eu estava muito atribulada”
Assédio sexual - Durante seis anos e meio Claudete ocupou um cargo executivo na Scania. Sua carreira começou a ser ‘boicotada’ em 2003 depois de resistir aos assédios sexuais de um diretor da empresa.
Em um B.O. (Boletim de Ocorrência) registrado no 3º DP de São Bernardo, em agosto de 2006, ela reclamava que desde 2003 era assediada sexualmente por um diretor com quem trabalhava diretamente. De acordo com o documento, além de comentários sobre seu corpo, o diretor “chegou a passar a mão numa das pernas dela e até mesmo a apertá-la”. O episódio ocorreu durante uma carona que, segundo Claudete, só foi aceita por respeito à posição hierárquica. A queixa na delegacia foi retirada depois de um pedido de desculpas de parte desse diretor.
Assédio moral - O assédio sexual foi acompanhado do assédio moral. “Comecei a receber críticas negativas sobre o meu trabalho. Documentos que eu entreguei, ele dizia que não tinha recebido. Tarefas que antes eram importantes perderam o valor. Eu era muito cobrada e achava que a culpa era minha”.
Ela alega que “de maneira sutil” foi sendo deixada de lado na liderança das tarefas. “Eu não era mais chamada para participar das reuniões. As pessoas me tratavam diferente”.
Em maio deste ano, Claudete que foi admitida para liderar 26 atividades, só respondia por 15 delas.
No dia 25 de julho deste ano, ela pediu demissão e entrou com o processo na Justiça. “Passei a ter medo de trabalhar. Me senti muito humilhada”. Procurada pela reportagem, a Scania informou, por nota, que considera as alegações improcedentes e aguarda o julgamento do Judiciário.
‘O assunto sempre foi tratado como piada’.
“As empresas tem cuidar melhor de questões como o assédio moral. As pessoas precisam ser tratadas com respeito. Ninguém trabalha durante anos em uma empresa e pode ser tratada como se não servisse”, desabafa, a ex-gerente da Scânia Claudete Amaral (nome fictício), 36 anos.
Ela afirma que a empresa nunca dispôs de mecanismos para inibir a violência no trabalho. “O assunto sempre foi tratado como piada”.
De acordo com a médica do trabalho, professora da PUC -SP (Pontifícia Universidade Católica) e autora do livro Violência, saúde, trabalho - Uma jornada de humilhações. a empresa tem obrigação de estabelecer canais para denúncia e não deve tolerar atitudes de violência no trabalho como assédios moral e sexual.
“Por mais que a empresa tenha um humilhador competente, ela acaba perdendo com a omissão porque isso rompe desistimula o grupo. A empresa é responsável por seus funcionários”, conclui.

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