Como nos defender quando estamos envolvidos num processo perverso de assédio moral? Uma especialista mostra o caminho
Por Acací de Alcantara Palermo
Psicóloga junguiana em São Paulo
Todos nós nos sentimos facilmente tocados e indignados quando nos deparamos com as cenas de violência que circundam a nossa vida. E, apesar de já termos até, de certa forma, nos acostumado a elas, cada vez que uma imagem ou um fato chega até nós, não conseguimos deixar de nos sentir surpreendidos, assustados e, claro, solidários com a vítima. Para nos proteger dos nossos inimigos, vivemos quase enclausurados. Instalamos enormes portões na frente de casa, trancas de mil voltas nas portas, grades de baixo até em cima e, os que podem, blindam o seu automóvel. Mas o que fazer quando o nosso inimigo está dentro da nossa própria casa ou no local onde trabalhamos - e se, além disso, a sua técnica de ataque for obscura? Como podemos nos defender?
As respostas a essas perguntas podem ser encontradas no livro Assédio Moral - a Violência Perversa no Cotidiano, da psiquiatra francesa Marie-France Hirigoyen (Editora Bertrand Brasil, 224 páginas, R$ 28,00). Com uma linguagem clara e objetiva, a autora permite que o leitor compreenda a violência sutil, mas igualmente terrível, que é o assédio moral. Mais que isso, Marie-France, na condição de "vitimóloga", coloca-se do lado das pessoas agredidas e ajuda o leitor a perceber se ele mesmo está envolvido num processo desses. Para isso, ela traça detalhadamente o perfil do perverso e o seu modo de agir, mostrando que as suas atitudes podem aniquilar - e muitas vezes de fato aniquilam - a sua vítima.
A fim de ilustrar a maneira como ocorre o processo de assédio moral, a autora apresenta exemplos extraídos de casos por ela atendidos. Podemos sofrer assédio moral tanto nas relações familiares quanto no trabalho. No mundo corporativo, o assédio que mais se tem falado ultimamente é o sexual. Lidar com este, hoje em dia, já nem é tão difícil. Mas o assédio sexual é apenas uma das formas de ataque perverso que alguém pode sofrer. Pense no quanto é desgastante o esforço que muitos de nós fazemos hoje para nos manter num bom emprego. Dentro desse campo, repleto de tensão e insegurança, o perverso caminha livremente, manipulando suas vítimas por meio de mecanismos que as fazem sentir-se inseguras, culpadas e incapacitadas para reagir.
Nesse sentido, a obra de Marie-France é extremamente útil, pois mostra ao leitor diversas situações em que o assédio moral aparece - e nas quais qualquer um de nós pode, de repente, se ver enredado. O livro, no entanto, não se restringe apenas a mostrar os problemas. Os caminhos que levam à solução das situações de assédio moral são igualmente expostos com clareza. O primeiro passo consiste em reconhecer que estamos envolvidos num processo perverso. Ou seja, a pessoa precisa entender, e sobretudo assumir, que está sendo vítima de um processo assim. Então, deve obter provas e buscar apoio jurídico. Se o processo se passar dentro de uma empresa, é bom avisar o departamento de recursos humanos.
P.S - Gosto muito deste artigo.Apresenta o assédio moral, que se trata de uma violência velada e silenciosa, que vai minando o ser humano naquilo que é extremamente sua autoconfiança e auto estima.
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