sexta-feira, 25 de junho de 2010

Assédio Moral e Resiliência



Considerando o que vem sendo amplamente difundido no momento atual com relação a resiliência, que trata –se da capacidade interna de superar obstáculos, e buscando encontrar nessa terminologia utilizada com ênfase nas empresas um significado junto às vítimas de assédio moral, vejo que podemos sim, empregá-lo em nossa realidade, porém com outro olhar.
Não me refiro a se tornar resilientes frente à violência moral sofrida no que concerne a continuar aceitando a ser submetido a tratamento desrespeitoso, vexatório e descortês por parte daqueles que estão no comando e deveriam dar bons exemplos e atuam como se fossem “seres de outro mundo” agindo com tirania e abuso de poder. Seria perigoso e uma violência continuada com aquele que vivencia esse tipo de situação e que certamente iria trazer danos irreparáveis.
Sabemos que quem sofreu os horrores de um tratamento humilhante perante seus colegas de trabalho, através da perseguição, dos gritos e das situações vexatórias sofridas em razão de alguém que não sabe liderar seus colaboradores, os tratando como subalternos ou como coisas que podem ser tratadas de qualquer modo ficam com sequelas a curto e a longo prazo.
No entanto, o ponto em que quero me delongar é em sermos resilientes para dar a volta por cima, mantermos firmes em sermos pessoas corretas, decentes, honestas, éticas, seguras e confiantes frente a esses maus tratos, procurando adotar uma atitude não de “homem de ferro”, mas de pessoa humana. Que mesmo sofrendo essas intempéries, busca outro propósito para sua vida.
A vida requer que sigamos em frente, por nós mesmos, por aqueles que amamos e nos amam. Por isso sabemos que a tarefa não é fácil, ao contrário é árdua e necessita de muito trabalho interior para isso, até porque quem sofreu na pele, uma humilhação moral que lhe causou uma doença que o impossibilitou de exercer suas atividades laborais se reerguer facilmente, não é fácil e simples. Muitos tentam a duras penas se restabelecer com a ajuda de profissionais de diversas áreas, fazendo uso de remédios controlados, e assim mesmo ficam um longo período afastado temporariamente ou se afastam em definitivo de seu trabalho.Mas, é necessário traçar metas e objetivos e reconstruir.
Dado a violência sofrida além de buscar a justiça trabalhista para que os direitos daquele que trabalha com dignidade e ética seja respeitado é preciso recomeçar, trilhar outro caminho. Não podemos adotar essa proposta de ser resiliente frente ao desrespeito, a cultura organizacional precisa mudar. È preciso entender que aquele que desenvolve suas atividades com zelo e que tem potencial para subir e para crescer profissionalmente é os que são vítimas daqueles que crescem por conta de QI, não por quociente de inteligência, mas de “quem indica”, ou seja, que recebe suas promoções não por méritos, mas por ter conhecimento com alguém influente ou aqueles que vêem seu reinado ameaçado ou ainda por aqueles que ao ver que suas idéias não são bem aceitas ou engolidas facilmente, que em função desse perfil vencedor são perseguidos e aniquilados, tendo seus tapetes puxados, nessa competição desenfreada e no estilo luta vale tudo são atropelados por pessoas sem o mínimo de bom senso e de conhecimento de liderança saudável. Que vêem seus comandados não como colaboradores, mas como capachos. Pessoas que para se manter no poder, passam por cima dos valores e da dignidade humana. Isso é um equívoco, um grande e total equívoco. Pensar dessa forma é um retrocesso, é preciso sim, ter um olhar mais cuidadoso quanto às relações trabalhistas incentivando para que os locais de trabalho se tornem ambientes mais amorosas e saudáveis, senão o que teremos é cada vez mais ambientes com pessoas adoecidas e brigas em tribunais.
* texto produzido pelo Psicóloga Sandrinha.

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