Assédio Moral - Seleção de Hóquei Feminino na Grama.

O protesto em forma de apoio à Argentina foi abafado pelos militares que cuidavam da segurança do público no Complexo Esportivo de Deodoro. Francisco Guedes, presidente do Macaé Hóquei Clube, levou uma faixa que dizia "Fuerza, Leonas", em referência ao apelido das jogadoras argentinas. Mas não podia exibi-la nas arquibancadas. "Estou protestando contra essa farsa que está em campo." Francisco fez duras críticas a Sidney Rocha, presidente da Confederação Brasileira de Hóquei sobre Grama. "O Brasil só tem seleção hoje porque o Nuzman (Carlos Arthur, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro) investiu R$ 240 mil. Só por isso. Essa seleção é uma farsa porque as jogadoras foram convocadas pela internet. Nunca fizeram uma seletiva nacional", reclamou. "Espero que após o Pan o COB faça uma intervenção, porque é uma vergonha." O Brasil tinha uma seleção permanente de hóquei havia quase três anos, mas, no começo de 2007, várias jogadoras do time feminino se rebelaram contra Cláudio Rocha, treinador da equipe e filho de Sidney, abandonando a seleção. Elas alegaram falta de conhecimento técnico do comandante, além de assédio moral - ele xingaria as atletas. Uma equipe foi formada às pressas para o Pan, após mudanças na comissão técnica: Cláudio saiu, entrou Eduardo Martins e o argentino Jorge Querejeta foi contratado para o cargo de coordenador-técnico. Muitas das atletas nacionais, porém, teriam sido selecionadas pela internet. "Isso não é verdade. Usamos a Internet para reforçar o convite feito pelas federações às atletas de seus clubes", afirmou Sidney. Helena Betolaza, porém, confirma que a amiga de time, Mariana Bonifacino, foi encontrada por Cláudio Rocha pelo Orkut. Mariana não quis comentar muito sobre o assunto, mas atestou que a saída de Cláudio beneficiou a seleção. "Claro que a greve prejudicou o time, porque as outras meninas tinham mais experiência. Mas se não fosse pelo Querejeta, talvez teríamos perdido por mais ainda " Na estréia no Pan, ontem, a seleção brasileira feminina de hoquéi sobre grama foi massacrada pelas argentinas, tradicionalíssimas na modalidade (com sete medalhas de ouro em dez participações na história do Pan). A derrota foi por 21 a 0, deixando nítida a diferença técnica entre as equipes.